|
Da dir. para esq: Comandante Interino do 8º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano
Major PM Leônidas Baier, Cecilia Bezerra e Major PM Miguel Daffara
|
Dia 19 de março, quarta feira, estive no 8º Batalhão da Policia militar do Estado
de São Paulo. Batalhão este que serve de base de policiamento da região do
Tatuapé, localizado na zona leste de São Paulo, onde fui recebida pelo
Comandante Interino do 8º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano Major PM Leônidas
Baier e pelo Major PM Miguel Daffara.
O assunto
que me levou até lá foram os relatos citados por algumas pessoas da comunidade
LGBT que frequentam os trajetos das Ruas Tuiti, Rua Platina, a Praça Coronel
Sandoval de Figueiredo e proximidades do Shopping Tatuapé, onde relataram
verbalmente sofrerem assaltos e serem vitimas de hostilidades nestes locais.
Foi realizada uma pesquisa pela própria Polícia Militar e
por outros órgãos competentes e não
foram encontrados nenhum boletim de ocorrência registrado nestes locais.
Questionada do motivo de não haver botins de ocorrência realizados
pelos LGBTs nestas imediações, mencionei o receio que muitos ainda tem de irem até
as delegacias ou solicitarem viaturas da policia militar para atenderem suas
ocorrências, pois declaram que não o fazem por temerem o tratamento das
autoridades destes setores já que na maioria das vezes são tratados com
deboches, desprezo e principalmente com preconceito seja ele homo/lesbo/transfóbico,
muitos justificam o silêncio com o argumento “porque é negro (a), pobre, sendo LGBT
então..., já está errado.”.
O Comandante Major Leônidas citou a necessidade de termos
estas ocorrências devidamente registradas, pois para disponibilizar mais
policiamento nestes locais - assim como em qualquer outro - é necessário o
registro de ocorrências que justifique a necessidade do policiamento ostensivo.
Disse também que a policia militar esta aí para garantir a segurança de toda população
e que não há uma ordem de não atender este ou aquele, mas reconhece que ainda
há barreiras a serem quebradas dos dois lados e que naquele batalhão existe
o interesse de romper esta barreira. Afirmou ainda que os locais citados irão ter
uma ronda mais presente.
Visando a segurança não somente da comunidade LGBT, mas também a todos que frequentam
estes trajetos e os comércios do local, espero que todos que por ventura sejam
vítimas de roubos, ataques ou qualquer outro tipo de ocorrência que se faça
necessário à presença da polícia, que não tenham medo de ligar ou se dirigir
até a delegacia mais próxima para registrar a ocorrência, pois o celular, o
tênis, a carteira, documentos, as correntes podem não voltar, mas alertará a
polícia e justificará a maior segurança no local.
Muita gente não sabe, mas um dia nos
anos 80 eu estava andando com uma namorada em um bairro da zona leste fomos
paradas por uma viatura da policia militar e na abordagem o policial pensou que
eu fosse um garoto, depois que descobriu que eu era lésbica deu um tapa na
minha cara e disse que era para eu criar vergonha e ser mulher. Eu já tinha
passado diversas humilhações nos anos 70 e fiquei com medo, pois nesta época
não tínhamos a mesma abertura que existe hoje. Passado alguns anos, me senti
honrada, pois estava eu Cecilia Bezerra falando no Proerd.
Sei que muitos LGBTs não sabem da existência da Delegacia
de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI) e que se alguma delegacia
do local não fizer o boletim de ocorrência no momento em que a vitima estiver
lá, a vítima poderá ir no dia seguinte até o DECRADI e fazê-lo. Há também a
possibilidade de registrar o boletim de ocorrência pela internet – exceto em
caso de agressão. Para os casos de agressão em que a vítima é socorrida e
encaminhada para uma unidade hospitalar, o próprio hospital para onde a vítima
foi encaminhada poderá solicitar a presença da PM, ou comunicar a delegacia
para o registro do boletim.
O que não podemos deixar é que o medo tome conta e a
impunidade fique colecionando vitimas, até porque se uma viatura for chamada e
o PM não conduzir a ocorrência ele poderá ser repreendido na corregedoria da
própria PM.
Antes que comece o mimimi por parte de alguns, já aviso que
não fui lá representando o Conselho Estadual da Diversidade, já que para fazer
isso teria que ter a aprovação do conselho por votação em plenária (reunião). Fui
como Cecilia Bezerra militante independente dos Direitos humanos, LGBT , héteros,
surdos, deficientes físicos, da saúde, antiga voluntária do PROERD nos anos 90 e
outros... fui muito bem recebida pela minha história de vida e luta de vários
anos.
Acredito que temos que as romper barreiras sejam elas
quais forem, pois não somos inferiores a ninguém, da mesma forma que também não
somos superiores.
Somos como todos
os seres humanos, com sonhos, com medos e lutas. É importante que tenhamos
sempre esta compreensão, pois só assim nossa luta de todos os dias também será de
possíveis vitórias.
Foi entregue o ofício de solicitação que foi devidamente protocolado pelo Comandante Major Leônidas.
Certa de que não será um bla,bla,bla nem de minha parte, tão
pouco do Comandante Major Leônidas e o Major PM Miguel Daffara, pois com tantas
coisas a serem feitas não me presto a este tipo de papel e tenho certeza de que
a corporação também não, deixo novamente o pedido aqui: Foi
vítima? Denuncie. Vá até a delegacia mais próxima, chame a polícia no local,
registre a ocorrência. Pois se não existe registro é sinal de que tudo está bem
e sendo assim seu efetivo maior se faz presente onde não está.
E se tiverem medo de irem até uma delegacia ou caso tenha qualquer duvida podem me procurar, pois vocês sabem onde me encontrar e nunca me esquivei de responder ou ajudar alguém.
O dia que perdemos a fé em outros seres humanos e em Deus,
não será mais uma luta de todos, mas de grupos que proverão as guerras urbanas,
pois não se contentarão com pequenas vitórias, com quebras de barreiras e sendo
assim nada lhes bastarão, somente as guerras.. Que Deus nos livre disso, para o
bem de todos. Paz sempre!
“Nosso
objetivo é atender bem toda a sociedade, preservando os direitos e garantias
dos cidadãos.“ Major
PM Leônidas Baier
#RESPEIROGAY #RESPEITOTRANS #EstadoLaico #DireitosHumanos # Segurança #PolíciaMilitar #DECRADI #Surdos #DeficientesFisicos #Acessibilidade #DefensoriaPública #RESPEITOLGBT