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sexta-feira, 21 de março de 2014

Rompendo as Barreiras do Medo e Preconceito

Da dir. para esq: Comandante Interino do 8º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano
 Major PM Leônidas Baier, Cecilia Bezerra e Major PM Miguel Daffara
Dia 19 de março, quarta feira, estive no 8º Batalhão da Policia militar do Estado de São Paulo. Batalhão este que serve de base de policiamento da região do Tatuapé, localizado na zona leste de São Paulo, onde fui recebida pelo Comandante Interino do 8º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano Major PM Leônidas Baier e pelo Major PM Miguel Daffara.

O assunto que me levou até lá foram os relatos citados por algumas pessoas da comunidade LGBT que frequentam os trajetos das Ruas Tuiti, Rua Platina, a Praça Coronel Sandoval de Figueiredo e proximidades do Shopping Tatuapé, onde relataram verbalmente sofrerem assaltos e serem vitimas de hostilidades nestes locais.

Foi realizada uma pesquisa pela própria Polícia Militar e por outros órgãos competentes e não foram encontrados nenhum boletim de ocorrência registrado nestes locais.

Questionada do motivo de não haver botins de ocorrência realizados pelos LGBTs nestas imediações, mencionei o receio que muitos ainda tem de irem até as delegacias ou solicitarem viaturas da policia militar para atenderem suas ocorrências, pois declaram que não o fazem por temerem o tratamento das autoridades destes setores já que na maioria das vezes são tratados com deboches, desprezo e principalmente com preconceito seja ele homo/lesbo/transfóbico, muitos justificam o silêncio com o argumento “porque é negro (a), pobre, sendo LGBT então..., já está errado.”.

O Comandante Major Leônidas citou a necessidade de termos estas ocorrências devidamente registradas, pois para disponibilizar mais policiamento nestes locais - assim como em qualquer outro - é necessário o registro de ocorrências que justifique a necessidade do policiamento ostensivo. Disse também que a policia militar esta aí para garantir a segurança de toda população e que não há uma ordem de não atender este ou aquele, mas reconhece que ainda há barreiras a serem quebradas dos dois lados e que naquele batalhão existe o interesse de romper esta barreira.  Afirmou ainda que os locais citados irão ter uma ronda mais presente.

Visando a segurança não somente da comunidade LGBT, mas também a todos que frequentam estes trajetos e os comércios do local, espero que todos que por ventura sejam vítimas de roubos, ataques ou qualquer outro tipo de ocorrência que se faça necessário à presença da polícia, que não tenham medo de ligar ou se dirigir até a delegacia mais próxima para registrar a ocorrência, pois o celular, o tênis, a carteira, documentos, as correntes podem não voltar, mas alertará a polícia e justificará a maior segurança no local.

Muita gente não sabe, mas um dia nos anos 80 eu estava andando com uma namorada em um bairro da zona leste fomos paradas por uma viatura da policia militar e na abordagem o policial pensou que eu fosse um garoto, depois que descobriu que eu era lésbica deu um tapa na minha cara e disse que era para eu criar vergonha e ser mulher. Eu já tinha passado diversas humilhações nos anos 70 e fiquei com medo, pois nesta época não tínhamos a mesma abertura que existe hoje. Passado alguns anos, me senti honrada, pois estava eu Cecilia Bezerra falando no Proerd.

Sei que muitos LGBTs não sabem da existência da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI) e que se alguma delegacia do local não fizer o boletim de ocorrência no momento em que a vitima estiver lá, a vítima poderá ir no dia seguinte até o DECRADI e fazê-lo. Há também a possibilidade de registrar o boletim de ocorrência pela internet – exceto em caso de agressão. Para os casos de agressão em que a vítima é socorrida e encaminhada para uma unidade hospitalar, o próprio hospital para onde a vítima foi encaminhada poderá solicitar a presença da PM, ou comunicar a delegacia para o registro do boletim.

O que não podemos deixar é que o medo tome conta e a impunidade fique colecionando vitimas, até porque se uma viatura for chamada e o PM não conduzir a ocorrência ele poderá ser repreendido na corregedoria da própria PM.

Antes que comece o mimimi por parte de alguns, já aviso que não fui lá representando o Conselho Estadual da Diversidade, já que para fazer isso teria que ter a aprovação do conselho por votação em plenária (reunião). Fui como Cecilia Bezerra militante independente dos Direitos humanos, LGBT , héteros, surdos, deficientes físicos, da saúde, antiga voluntária do PROERD nos anos 90 e outros... fui muito bem recebida pela minha história de vida e luta de vários anos.

Acredito que temos que as romper barreiras sejam elas quais forem, pois não somos inferiores a ninguém, da mesma forma que também não somos superiores.

 Somos como todos os seres humanos, com sonhos, com medos e lutas. É importante que tenhamos sempre esta compreensão, pois só assim nossa luta de todos os dias também será de possíveis vitórias.

Foi entregue o ofício de solicitação que foi devidamente protocolado pelo Comandante Major Leônidas.

Certa de que não será um bla,bla,bla nem de minha parte, tão pouco do Comandante Major Leônidas e o Major PM Miguel Daffara, pois com tantas coisas a serem feitas não me presto a este tipo de papel e tenho certeza de que a corporação também não, deixo novamente o pedido aqui:  Foi vítima? Denuncie. Vá até a delegacia mais próxima, chame a polícia no local, registre a ocorrência. Pois se não existe registro é sinal de que tudo está bem e sendo assim seu efetivo maior se faz presente onde não está. 

E se tiverem medo de irem até uma delegacia ou caso tenha qualquer duvida podem me procurar, pois vocês sabem onde me encontrar e nunca me esquivei de responder ou ajudar alguém.

O dia que perdemos a fé em outros seres humanos e em Deus, não será mais uma luta de todos, mas de grupos que proverão as guerras urbanas, pois não se contentarão com pequenas vitórias, com quebras de barreiras e sendo assim nada lhes bastarão, somente as guerras.. Que Deus nos livre disso, para o bem de todos. Paz sempre!


 “Nosso objetivo é atender bem toda a sociedade, preservando os direitos e garantias dos cidadãos.Major PM Leônidas Baier



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