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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Leiam! Nota Sobre Cafetinagem e Tráfico De Pessoas

Esta nota tem todo o meu apoio!
 Sou contra todo e qualquer tipo de discriminação não importa de onde venha. 
Vamos continuar nossa luta contra a discriminação e não vamos parar!

O governo e a imprensa deveriam lutar para abrir oportunidade de estudo e mercado de trabalho para quem não quer entrar ou deseja sair da prostituição como forma de trabalho e sobrevivência. Acredito que os veículos de grande comunicação poderiam fazer mais que apenas relatar e gerar novas "opiniões" discriminatórias. 
Cecilia Bezerra
#RESPEITOTRANS


NOTA SOBRE CAFETINAGEM E TRÁFICO DE PESSOAS

A entidade de defesa dos direitos humanos GRETTA – Grupo de Resistência de Travestis e Transexuais da Amazônia, que tem como uma de suas finalidades promover a cidadania e saúde plena de travestis e transexuais, combater os estigmas socialmente construídos, bem como construir paradigmas que realmente representem a realidade das travestis e transexuais do Estado do Pará, vem publicamente expressar sua opinião acerca da entrevista realizada pelo programa SBT Repórter acerca do fechamento de ONG que abrigava travestis em São Paulo. 

Renata Taylor Andrade - Presidenta da GRETTA 
Antes de expormos nossa opinião sobre o tema, queríamos publicizar nossa indignação com o repórter Darlisson Dutra que durante toda a matéria desrespeitou a identidade de gênero feminina das travestis com termos como “um travesti” ou “o travesti” e sem contextualizar a situação de vulnerabilidade das pessoas trans, bem como a promotora pública que cedeu entrevista ao repórter transfóbico e que citou as pessoas vivendo com HIV/AIDS como “Aidéticos” reforçando o preconceito a estas pessoas e a criminalização dos mesmos. Por tudo isso Consideramos a matéria Transfóbica e reforçando conceitos conservadores e excludentes que nos colocam a margem do processo de acesso a cidadania. EXIGIMOS RETRATAÇÃO PÚBLICA DO SBT.
Sobre a declaração da Coordenadora de Proteção a Livre Orientação Sexual, Bruna Lorrane, ao SBT, achamos que a citação foi descontextualizada da realidade em que vivem as travestis e transexuais e sugerimos retratação. Em seu facebook Bruna justificou ter sido vítima da má edição da reportagem e alegou não ter sido esta a sua intenção.

Sobre a repercussão da matéria e sobre o Tráfico de Pessoas Travestis e Transexuais, gostaríamos de ressaltar que:
1. Cerca de 95% de toda a população de pessoas Trans do Brasil vivem da prostituição, por inúmero motivos: exclusão familiar, social, educacional ou mesmo por opção. O fato é que esta é nossa principal profissão e a falta de uma regulamentação profissional pelo Ministério do Trabalho infere em vulnerabilidade e violência, não acesso a direitos trabalhistas;
2. A exclusão de travestis e transexuais do mercado formal de trabalho é um assunto de extrema importância, porém vale ressaltar que a intenção não é discriminar a prostituição nem as prostitutas, mas defender o direito à escolha profissional para travestis e transexuais a partir de políticas públicas que combatam a transfobia e garantam o acesso e a permanência na escola.
3. Vale comentar que as palavras “travesti” e “transexual” sequer aparecem nos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), nem na parte intitulada Orientação Sexual, nos Temas Transversais.
4. A discriminação efetivamente barra a maioria das travestis do sistema educacional e de carreiras de classe média. O mercado formal de trabalho é basicamente fechado às travestis. Uma minoria bem pequena tem formação superior ou qualificações profissionais. As travestis muitas vezes são rejeitadas pelas famílias e expulsas de casa;
5. Vale ressaltar que cafetina ou cafetão, é aquela pessoa que tira proveito da prostituição alheia participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça, muitas das vezes coagindo a vítima com agressões físicas e extorsão financeira. Porém, sendo a prostituição uma das únicas alternativas para a maioria das travestis brasileiras, cria-se uma rede solidária de companheiras que alugam moradias a baixo custo para aquelas que querem viver da prostituição de maneira digna, sem extorsão ou mesmo obrigação de qualquer tipo de atividade por parte das alojadas. Defendemos esta prática e condenamos a pratica da cafetinagem.
6. Entendemos que somente a regulamentação da profissão de prostitutas pode extinguir este tipo de violência praticada pelos exploradores do sexo que utilizam estas travestis, além de garantir direitos trabalhistas a esta parcela da população que quase nunca ouve falar em direitos e se sujeitam a todo tipo de mazela para sobreviver.
7. Defendemos políticas de inclusão das Travestis e Transexuais na escola, bem como no mercado de trabalho, queremos acesso aos projetos sociais do governo como BOLSA ESCOLA, BOLSA FAMILIA e outros.

Nesse mesmo ânimo, a GRETTA reafirma a sua posição absolutamente contrária a qualquer movimentação ou prática que criminalize as Travestis e Transexuais e impeça que seres humanos sejam felizes e exerçam sua afetividade e sexualidade, em função de moralismos hipócritas que devem ser combatidos por cada um de nós, cotidianamente.

Renata Taylor Andrade
Presidenta da GRETTA 

* Esta publicação foi autorizada por sua autora.* 

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