Esta nota tem todo o meu
apoio!
Sou contra todo e qualquer tipo de discriminação não importa de onde
venha.
Vamos continuar nossa luta contra a discriminação e não vamos parar!
O governo e a imprensa deveriam lutar para abrir oportunidade de estudo e mercado de trabalho para quem não quer entrar ou deseja sair da prostituição como forma de trabalho e sobrevivência. Acredito que os veículos de grande comunicação poderiam fazer mais que apenas relatar e gerar novas "opiniões" discriminatórias.
Cecilia Bezerra
#RESPEITOTRANS
NOTA SOBRE CAFETINAGEM E TRÁFICO DE PESSOAS
A entidade de defesa dos direitos humanos GRETTA –
Grupo de Resistência de Travestis e Transexuais da Amazônia, que tem como uma
de suas finalidades promover a cidadania e saúde plena de travestis e
transexuais, combater os estigmas socialmente construídos, bem como construir
paradigmas que realmente representem a realidade das travestis e transexuais do
Estado do Pará, vem publicamente expressar sua opinião acerca da entrevista
realizada pelo programa SBT Repórter acerca do fechamento de ONG que abrigava travestis
em São Paulo.
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Renata Taylor Andrade - Presidenta da GRETTA |
Antes de expormos nossa opinião sobre o tema,
queríamos publicizar nossa indignação com o repórter Darlisson Dutra que
durante toda a matéria desrespeitou a identidade de gênero feminina das
travestis com termos como “um travesti” ou “o travesti” e sem contextualizar a
situação de vulnerabilidade das pessoas trans, bem como a promotora pública que
cedeu entrevista ao repórter transfóbico e que citou as pessoas vivendo com
HIV/AIDS como “Aidéticos” reforçando o preconceito a estas pessoas e a
criminalização dos mesmos. Por tudo isso Consideramos a matéria Transfóbica e
reforçando conceitos conservadores e excludentes que nos colocam a margem do
processo de acesso a cidadania. EXIGIMOS
RETRATAÇÃO PÚBLICA DO SBT.
Sobre a declaração da Coordenadora de Proteção a
Livre Orientação Sexual, Bruna Lorrane, ao SBT, achamos que a citação foi
descontextualizada da realidade em que vivem as travestis e transexuais e
sugerimos retratação. Em seu facebook Bruna justificou ter sido vítima da má
edição da reportagem e alegou não ter sido esta a sua intenção.
Sobre a repercussão da matéria e sobre o Tráfico de
Pessoas Travestis e Transexuais, gostaríamos de ressaltar que:
1. Cerca de 95% de toda a população de pessoas Trans do
Brasil vivem da prostituição, por inúmero motivos: exclusão familiar, social,
educacional ou mesmo por opção. O fato é que esta é nossa principal profissão e
a falta de uma regulamentação profissional pelo Ministério do Trabalho infere
em vulnerabilidade e violência, não acesso a direitos trabalhistas;
2. A exclusão de travestis e transexuais do mercado
formal de trabalho é um assunto de extrema importância, porém vale ressaltar
que a intenção não é discriminar a prostituição nem as prostitutas, mas
defender o direito à escolha profissional para travestis e transexuais a partir
de políticas públicas que combatam a transfobia e garantam o acesso e a
permanência na escola.
3. Vale comentar que as palavras “travesti” e
“transexual” sequer aparecem nos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), nem
na parte intitulada Orientação Sexual, nos Temas Transversais.
4. A discriminação efetivamente barra a maioria das
travestis do sistema educacional e de carreiras de classe média. O mercado
formal de trabalho é basicamente fechado às travestis. Uma minoria bem pequena
tem formação superior ou qualificações profissionais. As travestis muitas vezes
são rejeitadas pelas famílias e expulsas de casa;
5. Vale ressaltar que cafetina ou cafetão, é aquela
pessoa que tira proveito da prostituição alheia participando diretamente de
seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça,
muitas das vezes coagindo a vítima com agressões físicas e extorsão financeira.
Porém, sendo a prostituição uma das únicas alternativas para a maioria das travestis
brasileiras, cria-se uma rede solidária de companheiras que alugam moradias a
baixo custo para aquelas que querem viver da prostituição de maneira digna, sem
extorsão ou mesmo obrigação de qualquer tipo de atividade por parte das
alojadas. Defendemos esta prática e condenamos a pratica da cafetinagem.
6. Entendemos que somente a regulamentação da profissão
de prostitutas pode extinguir este tipo de violência praticada pelos
exploradores do sexo que utilizam estas travestis, além de garantir direitos
trabalhistas a esta parcela da população que quase nunca ouve falar em direitos
e se sujeitam a todo tipo de mazela para sobreviver.
7. Defendemos políticas de inclusão das Travestis e
Transexuais na escola, bem como no mercado de trabalho, queremos acesso aos
projetos sociais do governo como BOLSA ESCOLA, BOLSA FAMILIA e outros.
Nesse mesmo ânimo, a GRETTA reafirma a sua posição
absolutamente contrária a qualquer movimentação ou prática que criminalize as
Travestis e Transexuais e impeça que seres humanos sejam felizes e exerçam sua
afetividade e sexualidade, em função de moralismos hipócritas que devem ser
combatidos por cada um de nós, cotidianamente.
Renata Taylor Andrade
Presidenta da GRETTA
* Esta publicação foi autorizada por sua
autora.*
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